Jardins digitais: uma abordagem para a divulgação de ciência?
Marta Safaneta
Em construção
Introdução
Com o crescente nĆŗmero de cientistas e divulgadores cientĆficos presentes nas redes sociais para compartilhar informaƧƵes sobre suas pesquisas, projetos e Ć”reas de estudo, este trabalho propƵe uma alternativa Ć ocupação em "fluxos" feita pela comunidade cientĆfica no ciberespaƧo - o "jardim digital".
Nosso objetivo Ć© identificar os possĆveis benefĆcios dessa abordagem para a organização e compartilhamento do conhecimento pessoal no ciberespaƧo, assim como analisar como essa nova forma de presenƧa pode contribuir para a divulgação cientĆfica e para a democratização do conhecimento cientĆfico.
MƩtodos
Exploramos o conceito de "jardim digital" (digital garden), conforme exposto por Appleton (2020) e Basu (2020), e apresentamos o jardim de Hinsen (2022) para ilustrar uma das possibilidades dessa abordagem na prÔtica, e como ela pode se integrar à nossa prÔtica cientifica.
Foi realizada uma anĆ”lise crĆtica para identificar os pontos comuns e as diferenƧas entre os autores e suas abordagens, com o objetivo de compreender melhor o conceito e seu potencial para a DC, usando como base para essa discussĆ£o Ferreira do Couto (2012) sobre divulgação cientĆfica no Twitter.
Discussão
āCompreender o modo de enunciação da subjetividade no espaƧo digital Ć© um caminho para entender a maneira como a sociedade se configura atualmente [...] O que pode a divulgação cientĆfica nesse espaƧo?ā (Ferreira do Couto, 2012, p. 8)
Em sua pesquisa Ferreira do Couto discute o lugar da divulgação cientifica no Twitter, trazendo importantes questionamentos sobre o "modo de habitar o espaço" (2012, p. 72) e inquietações sobre a "temporalidade que configura o ciberespaço (...)", temporalidade esta que muitas vezes vem da "(...) própria construção da pÔgina ao mostrar os horÔrios das postagens do usuÔrio." (2012, p. 70).
Esta preocupação da autora tangencia um conceito que Appleton (2020) chama de "steam" (ou "fluxo"), presente na serialização (de posts de Facebook, tweets, etc) que nos atravessam de forma diĆ”ria nas nossas redes sociais como um riacho que corre apenas em uma direção. Esta forma de comunicação, argumenta Appleton, Ć© de certa forma, efĆŖmera - "nĆ£o [foi] projetada para acumular conhecimento, conectar informaƧƵes dĆspares ou amadurecer ao longo do tempo."
Um jardim digital nada mais Ʃ que uma forma de habitar o ciberespaƧo fora do fluxo, criando "espaƧos de conhecimento em contexto"
"Ć© uma maneira diferente de pensar sobre o comportamento online em relação Ć informação - uma que acumula conhecimento pessoal ao longo do tempo em um espaƧo explorĆ”vel." (Appleton, 2020). A autora propƵe ainda uma terceira metĆ”fora para a forma como consumimos e produzimos informação na Internet, os "campfires" (que irei chamar de acampamentos) - "Enquanto os jardins apresentam as ideias de um indivĆduo, os acampamentos sĆ£o espaƧos de conversação para trocar ideias que ainda nĆ£o estĆ£o totalmente formadas"(Appleton, 2020).
Os termos jardim digital e fluxo foram introduzidos pela apresentação de Mike Caufield[1], que teve sua horigem nos jardins de ehipertexto e navegação na internet.
Jardins digitais se materializam em diversas formas, mas pri sendo um reflexo do seu autor e o que ele quer apresentar, individualizando o processo
Esta nova materialidade para o conhecimento no ciberespaço nos trÔs diversas formas de exploração e desenvolvimento, inclusive concomitante à produção acadêmica como podemos ver exemplificado em Hinsen (2022).:
āThis is an archival copy of my digital garden whose current on-line version can be consulted at https://github.com/khinsen/science-in-the-digital-era This archival copy corresponds to commit 0515b59b1de9d21a54334c79c8bc640e35b826f4, which was published on 2022-08-31.ā (Hinsen, 2022, p. 1)
Conclusão
Exploraremos, adicionalmente um segundo caminho que essa materialidade pode nos revelar - o caminho de uma construção pessoal, que revela viéses e perspectivas do sujeito, humanizando o cientista e dismistificando o fazer da ciencia.
2015 Gardens and Streams ā©ļø